A COMPAIXÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA: UM DIAGNÓSTICO DO PRESENTE À LUZ DE FOUCAULT E NIETZSCHE

Vilmar Prata

Resumo


Em tempos de crise, e agora, em tempos de pandemia, a melhor solução seria a compaixão? O objetivo dessa reflexão é lançar um olhar à luz de Foucault e Nietzsche para a compaixão, não como meio de controle ou o fim de determinada crise, mas um olhar sobre as transformações sociais e pessoais que ela provoca e que vão além dos lugares e corpos. Foucault nos lembra que desde os gregos, a soberania de si acontece na medida em que o sujeito lança um olhar para a própria vida, num gesto de autoconhecimento. Porém, ele não nos deixa esquecer que não podemos ignorar o outro, pois a vida voltada a si e movida pela sabedoria nos remete à relação com o outro. Portanto, voltar-se para o outro faz parte do movimento de ser soberano de si, que é em vias de regra, estar para o outro, atento às suas necessidades enquanto sujeito que traz em si os questionamentos sobre a vida que também existem em nós. E nessa realidade nos deparamos com o desdobramento do pensamento de Nietzsche que, em contrapartida, vê a compaixão ao longo de sua obra, como um gesto egoísta, que visa tão somente o próprio gozo, a partir de uma postura soberana em relação ao outro, dissimulando a própria impotência diante de sua condição humana e inacabada. Dessa maneira, como poderíamos compreender a compaixão a partir de Foucault e Nietzsche, para um possível diagnóstico do nosso presente?


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Referências


FORNAZARI, Sandro Kobol. A diferença e o eterno retorno. Cadernos Nietzsche, São Paulo, n. 20, p. 19-33, 2006.

FOUCAULT, Michel. A Hermenêutica do Sujeito. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬FOUCAULT, Michel. A coragem da verdade. O governo de si e dos outros, São Paulo: Martins Fontes, 2011.

FOUCAULT, Michel O Sujeito e o Poder. In: Foucault: uma trajetória filosófica. DREYFUSS, Hubert. L., RABINOW, Paul. Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitário, 1995. p. 231-249.

FOUCAULT, Michel. Technologies of the self (Université du Vermont, outubro, 1982; trad. F. Durant Bogaert). In: Hutton (P.H.), Gutman (H.) e Martin (L.H.), ed. Technologies of the Self. A Seminar with Michel Foucault. Anherst: The University of Massachusetts Press, 1988, pp. 16-49. Traduzido a partir de FOUCAULT, Michel. Dits et écrits. Paris: Gallimard, 1994, Vol. IV, pp. 783-813, por Karla Neves e wanderson flor do nascimento.

NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.




DOI: http://dx.doi.org/10.52641/cadcaj.v6i1.470

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