“O PRESENTE É UM PRESENTE”: IMAGINÁRIO, DESEJO E IDENTIDADES POLÍTICAS NO BRASIL

Gustavo Said

Resumo


O objetivo desse texto é discutir a formação do imaginário e a reconfiguração das identidades individuais e coletivas na sua relação com o desejo, no bojo das manifestações políticas no Brasil, compreendendo o conturbado período de 2013 a 2018. O recorte temporal expresso, contudo, serve apenas para efeitos analíticos, pois o imaginário deve ser pensado numa perspectiva histórica que não se resume a uma matriz de tempo contínuo. A  premissa orientadora da reflexão proposta – a de que ao imaginário subjaz a produção e a circulação de imagens por meios técnicos, mas também a atividade de imaginação psíquica – revela a indissociabilidade entre o imaginário, as tramas da memória e as imposições da pulsão escópica, quer dizer, os imperativos do ver e ser visto. Assim, no plano teórico, procura-se evitar tanto a discussão sobre o imaginário que não contempla uma teoria da imagem, sob quaisquer perspectivas, quanto o tratamento da imagem de forma reificada, numa abordagem que celebre a autonomia de seu estatuto, à margem do imaginário, ou seja, de processos mnemônicos, sociais e culturais que lhe sustentam e lhe conferem sentidos. Para tanto, busca-se aproximar a psicanálise, a filosofia da história de Walter Benjamin e as teorias do imaginário e da imagem. Consoante à visada teórica adotada, tenta-se superar a operação metodológica que trata as imagens apenas como um texto, em parte uma herança da tradição filosófica (platonismo) que via nas imagens uma deturpação, cópia imperfeita ou sombra das ideias imutáveis. O texto está dividido em sete seções, cada uma aludindo a imagens ou a fragmentos de textos que, ressalve-se, tem valor de imagem.


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DOI: http://dx.doi.org/10.52641/cadcaj.v5i2.394

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