NOTAS SOBRE UM ROLÉ DE ESCUTA ATIVA NA FEIRA DE SÃO JOAQUIM: UMA ETNOGRAFIA SONORA E FOTOGRÁFICA

Lucas Barreto Souza

Resumo


Este artigo é resultado de uma tarefa teórico-metodológica a que me dispus e está pautado em algumas reflexões teórico-conceituais e metodológicas trançadas a trabalho de campo realizado no ano de 2016, parte integrante da monografia intitulada “Feira de São Joaquim: artigos religiosos e agência não humana” – monografia apresentada a sete de abril de 2017, na faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (FFCH/UFBA), sob orientação do prof. Marcelo Moura Mello e coorientação do prof. Fernando Firmo Luciano, de minha autoria, bem como em experiências de pesquisa etnográfica sonora previamente realizada, no ano de 2015, no âmbito do projeto de PIBIC “Olhares e escutas antropológicas sobre a Baía de Todos os Santos”, sob orientação do prof. Fernando Firmo Luciano, entre 2014 e 2015. Almejo a esboçar uma descrição da Feira de São Joaquim e da diversidade que a caracteriza. Essa descrição é da configuração anterior às recentes mudanças ocorridas após inauguração da parte nova da feira, em 2016. No tempo, o trabalho está localizado num período provisório, de transformações estruturais em São Joaquim. Importante apontar para o uso do “presente etnográfico”, conforme a definição de James Clifford, no primeiro capítulo do livro “A experiência etnográfica”, intitulado “Sobre a autoridade etnográfica”. Apresentar uma pequena mostra da memória histórica da feira, a partir da experiência de um frequentador interlocutor, conforme por ele expressa. Marcar inferências e inflexões surgidas ao longo do tempo transcorrido de convivência com os feirantes. Refletir e explorar a ideia do papel do gravador como elemento adicional na trama, instrumento mediador da relação pesquisadores – interlocutores. Contribuir para o desenvolvimento teórico das reflexões em torno dos conceitos de campo sonoro e paisagem sonora, discussão que relaciona e confronta ideias apresentadas pelos autores Carlos Fortuna (1998), Murray Schaffer (1994) e Tim Ingold (2012) de modo amplo, além de abordar algumas questões referentes ao corpus da pesquisa e ao lócus específico.


Palavras-chave


etnografia sonora, antropologia visual, antropologia urbana, mercados populares, feiras.

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DOI: http://dx.doi.org/10.52641/cadcaj.v4i3.309

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