A SACRALIZAÇÃO DO BRINCAR E SEUS PARADOXOS: escola, indústrias e consumo em suspeição

Aliandra Cristina Mesomo Lira, Eliane Dominico, Maristela Aparecida Nunes, Marta Regina Furlan de Oliveira

Resumo


O artigo objetiva refletir sobre a relação entre crianças e o brincar à luz das práticas educativas institucionalizadas, da produção dos brinquedos e da divulgação dos mesmos. Trata-se de ensaio teórico que parte do reconhecimento do brincar como experiência de vida primordial para as crianças e estabelece uma leitura crítica que reflete sobre as relações de poder que marcam as práticas e objetos lúdicos, tanto no âmbito das instituições educativas como aquelas operadas pelas indústrias e a mídia. O caráter regulador e condicionante dos encaminhamentos pedagógicos e da alusão ao consumo revela que o brincar não é um campo infenso ao poder, mas constitui-se em uma dimensão da vida humana atravessada por ordenamentos e vigilâncias que entrelaçam as crianças de diferentes maneiras. Como alternativa de desvencilhamento dessas racionalidades, sugere-se ampliar a relação das crianças com a natureza como uma possibilidade de proporcionar experiências dotadas de sentido e protagonismo.


Palavras-chave


Brincar. Relações de poder. Práticas pedagógicas.

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DOI: http://dx.doi.org/10.52641/cadcaj.v6i4.528

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