ENTRE FOUCAULT E MBEMBE: da biopolítica à necropolítica no século XXI

Glícia Édeni de Lima Teixeira, Ramiro Ferreira de Freitas

Resumo


Este trabalho pretende revisitar o pensamento teórico do filósofo francês Michel Foucault, o qual continua a inspirar estudos científicos e mesmo a antever os próprios rumos da sociedade. Suas reflexões, que tratam de relações de poder e dominação, costumam transitar entre os campos da sociologia, filosofia e política e possuem grande aceitação na atualidade. Esta pesquisa tem como objetivo demonstrar que os conceitos foucaultianos formulados nos anos de 1970, a exemplo do termo biopolítica, inspiram novas gerações de pensadores, como o intelectual camaronês contemporâneo Achille Mbembe. Este autor amplia a discussão proposta por Foucault e inaugura a conceituação de necropolítica, a qual considera elementos como vida e morte enquanto traços sociopolíticos, além de representar importante indicativo para a compreensão social contemporânea. Mbembe complementa os estudos de Foucault, visto que considera o conceito de biopolítica insuficiente para ilustrar as práticas pelas quais o poder político executa a aniquilação de indivíduos ou mesmo populações consideradas como inimigas dos interesses do Estado. Quando os movimentos governamentais “fazem viver” ou “deixam morrer”, subscrevem o comando pela força violenta de ações, por vezes, injustificadas. Este trabalho utiliza metodologia e procedimento bibliográficos, bem como possui abordagem qualitativa e exploratória. Destaca-se que a pesquisa teórica consiste em uma revisão narrativa, incluindo-se além dos livros e periódicos científicos, fontes como notícias e ainda textos legais a respeito do tema. Este estudo aponta como resultado a notória influência do pensamento foucaultiano acerca de questões sociológicas da contemporaneidade. Enquanto conclusão desta pesquisa, aponta-se a necessidade de que a discussão de Aquille Mbembe sobre necropolítica ultrapasse os limites das nações subdesenvolvidas e historicamente subjugadas por seus colonizadores. Desta maneira, os estudos de Mbembe devem indicar os rumos de uma agenda mundial capaz de dignificar a existência de populações empobrecidas por meio de processos históricos avassaladores de exploração e extermínio de pessoas em condição de vulnerabilidade social.


Palavras-chave


biopolítica. Foucault. necropolítica.

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DOI: http://dx.doi.org/10.52641/cadcaj.v6i1.451

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