UMA NOVA MORALIDADE PARA A CIVILIZAÇÃO TECNOLÓGICA?

Maurício Fernandes

Resumo


Adentramos em uma época, definitivamente, sem precedentes. Uma época na qual todas as metanarrativas se esvaziaram normativamente, os exemplos de outrora de tornaram opacos, enquanto transitamos na terra de ninguém, no vazio ético. Os valores, antes encarados como sólidos, se desmancharam no ar, ao passo que os novos valores encarnados pelo novo homem moderno, ainda não despontaram no horizonte. A Modernidade não possui de onde retirar seus exemplos, exceto de si mesma, da tentativa de construir estes novos valores e normatividade. A vida danificada aparece em um horizonte próximo em nossa sociedade, é posta por todos os lados na perspectiva dos sujeitos que, saqueados de seu potencial de emancipação e autonomia, transitam na perspectiva imposta pelo mercado e pelo controle biopolítico dos corpos, e na transformação do sujeito em um mero conjunto de dados (Gläserner Mensch). A única possibilidade de recobrar-se deste cenário é a reabilitação de conteúdos que articulem uma tomada de posicionamento que restitua ao sujeito a possibilidade de projetar uma autobiografia de uma vida não danificada. Esta restituição da autonomia do sujeito, a responsabilidade e a tomada de decisões em cenários práticos implicam em um novo rumo ao quadro de nossa moralidade. É precisamente neste novo rumo que centramos esforços neste texto, no intuito de expor uma problemática complexa, da qual uma possível e necessária resolução seja a construção de uma nova moralidade. Um novo tipo de relação com nosso poder investido pela tecnociência, e nosso existir. Neste contexto há um itinerário marcado por contributos da Hermenêutica que podem ser assumidos na construção desta nova moralidade.

 


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Referências


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DOI: http://dx.doi.org/10.52641/cadcaj.v5i2.397

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