MORTE, SIGNIFICAÇÃO E OS LIMITES DA REPRESENTAÇÃO: UM PERCURSO DERRIDIANO DE HUSSERL A HEIDEGGER
Resumo
Partindo do pressuposto segundo o qual a atitude fenomenológica é constituída de uma simultaneidade entre o processo subjetivo e imanente e o próprio objeto em sua constituição na imanência, pretende-se neste artigo investigar as razões pelas quais Husserl não a concretiza plenamente. Assim, 1) ao considerar que o objeto só é possível à medida que o mesmo está no horizonte da intencionalidade, concebendo o ato intencional como constituinte da aparição do objeto; e 2) ao buscar fundamentar o conhecimento na consciência ideal/transcendental que constitui a idealidade capaz de salvar o domínio da presença na repetição – de uma presença que não corresponde estritamente a nada que existe no mundo, mas é correlata dos atos de repetição ideais. Qual a causa dessa dificuldade, desse (aparente) paradoxo? Husserl manteve-se preso ao esquema empirista (Lévinas)? Operou um recorte do a priori lógico no interior mesmo do a priori geral da linguagem, repetindo por outros meios a intenção original da metafísica, afirmando assim o ser como presença (Derrida)? Ou talvez um descuido originário por parte de Husserl com relação ao campo temático da fenomenologia e a tarefa de ver e explicitar a existência em seu ser (Heidegger) o impediu de perceber que o que provavelmente está em jogo naquilo que abre quando se assegura o movimento da idealização é uma certa relação do existente com sua morte (Derrida)? Analisaremos as hipóteses levantadas considerando privilegiadamente o modo como os limites da representação se manifestam a partir da radicalização do questionamento acerca da relação entre significação e morte.
Texto completo:
PDFReferências
AGAMBEN, G. A linguagem e a morte: um seminário sobre o lugar da negatividade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.
BARASH, J. A. Heidegger e o seu século – tempo do Ser, tempo da história. Lisboa: Instituto Piaget, 1997.
DERRIDA, J. A voz e o fenômeno. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.
DUQUE-ESTRADA, P. C. Ciência e Pós-representação: Notas sobre
Heidegger. In: Política e Trabalho. Revista de Ciências Sociais, ano 22, n. 24 (2006) – João Pessoa: PPGS-UFPB, 2006.
FIGAL, G. Martin Heidegger: fenomenologia da liberdade. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.
GUIGNON, C (Dir.). Poliedro Heidegger. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.
HEIDEGGER, M. Ser e tempo. Petrópolis: Vozes, 2014.
_____________. Ontologia (hermenêutica da faticidade). Petrópolis: Vozes, 2013.
_____________. Introducción a la investigación fenomenológica. Madrid: Ed. Sintesis, 2008.
_____________. O conceito de tempo/ A questão da técnica. In: Cadernos de Tradução, n. 2, DF/USP, 1997.
HODGE, J. Heidegger e a Ética. Lisboa: Instituto Piaget, 1995.
HOFFMAN, P. A morte, o tempo e a história: II parte de O Ser e o tempo. In: Poliedro Heidegger. C. Guignon (Dir.), 1998, p. 213-231.
HUSSERL, E. Investigações lógicas. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
LÉVINAS, E. Descobrindo a Existência com Husserl e Heidegger. Lisboa: Instituto Piaget, 1997.
STEIN, E. Diferença e Metafísica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000.
________. Nas proximidades da antropologia: ensaios e conferências filosóficas. Ijuí: Ed. Unijuí, 2003.
WOLIN, R. A Política do Ser. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.
XOCOLOTZI, Á. Facetas Heideggerianas. Puebla: BUAP/Los libros de Homero, 2009.
DOI: http://dx.doi.org/10.52641/cadcaj.v5i2.384
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2020 Ricardo Avalone Athanásio Dantas, Gustavo Silvano Batista
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
ISSN: 2448-0916.
______________________________________________