ANIMAIS VIVOS, FEIRA LIVRE

Lucas Barreto Souza

Resumo


Neste artigo, trato de debater, a partir de uma inspiração etnográfica oriunda de uma visita a um setor de animais vivos de uma grande feira livre baiana, a Feira de São Joaquim (anteriormente chamada de Feira de Água de Meninos), aspectos relacionados às epistemologias ecológicas, à TAR (teoria do ator-rede), a agência dos objetos, relações humano-animal, mercados úmidos, biossegurança e sacrifício animal. Adoto a premissa de Latour (1999) de que a ação não é propriedade, exclusivamente, de humanos, mas de uma associação de atuantes. Tendo considerado previamente também o poder de agência dos objetos, conforme Gell (1998), proponho voltar as atenções, desta vez, aos animais não-humanos, mais do que aos objetos, ainda de uma perspectiva da indissociabilidade entre conhecimento e percepção/ experiência, constatada através da imersão na matéria e no mundo/ engajamento contínuo no ambiente. A discussão está articulada a diversos referenciais bibliográficos, mas a condução do raciocínio está pautada em diálogos com alguns argumentos e exemplos apresentados pelo autor Caetano Sordi em seus artigos.


Palavras-chave


biossegurança, epistemologias ecológicas, relações humano-animal.

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DOI: http://dx.doi.org/10.52641/cadcaj.v7i1.660

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